terça-feira, 29 de junho de 2010

O problemas dos pobres não é a chuva



“Quando chove no sertão
O sol deita e a água rola
O sapo vomita espuma
Onde um boi pisa se atola
E a fartura esconde o saco
Que a fome pedia esmola”
(Chover (ou Invocação Para Um Dia Líquido); Cordel Do Fogo Encantado; Composição:  Lirinha, Clayton Barros)
Li esta semana uma lúcida declaração do Senador Cristovam Buarque sobre a questão da chuva no nordeste. O senador lembrou aos seus companheiros no Senado que o problema do nordeste com a chuva não é porque “a chuva não goste dos pobres”, tão pouco porque os pobres não gostam da chuva.
Por aqui, a chuva é benção, é aguardada ansiosamente todos os anos para irrigar as plantações de quem não pode contar com as mega obras do governo para desviar rios de seus cursos.Quando a chuva vira vetor de destruição na região, cabe-nos entender que fatalismo não resolve a situação. A solução é prevenção e planejamento.
O povo da sertão, especialmente os pequenos agricultores, sabe conviver muito bem com os períodos de chuva e de escassez: cultiva espécies resistentes à escassez de água, planta no tempo certo, reserva energias e recursos para atravessar as estiagens, põe mãos à obra quando vê as nuvens se aproximarem.  Nosso povo gosta, precisa e respeita o ciclo da natureza. A chuva, como qualquer pessoa adulta sabe, não é uma entidade capaz de amar ou desgostar de ninguém, é apenas parte do ciclo das águas na natureza. A obrigação de se adaptar aos ciclos naturais e às mudanças que a irresponsabilidade humana causam a estes ciclos é das pessoas ... e do Governo.
Em sua declaração, Buarque distribui muito bem as responsabilidades sobre as tragédias  humanas ocorridas no nordeste. A responsabilidade é dos políticos, que deveriam usar os recursos e conhecimentos já existentes para evitar as perdas humanas e econômicas, e é também do povo, “porque não despertaram para um fato: o risco de que a próxima chuva destrua sua casa está dentro da urna onde depositam seus votos".
A insistência do governo em ignorar coisas essenciais (como áreas de risco de desmoronamentos e enchentes, regiões com baixa produtividade econômica em decorrência da dificuldade do acesso á água) só pode nos levar a mesma conclusão do senador Buarque: quem não gosta dos pobres são os políticos, não a chuva.
E adivinhem! Estamos no ano de eleição. Pois é, cuidado para não digitarem besteira na hora do voto. Urna não é pinico. É mais útil eleger um político com propostas concretas para enfrentar os problemas da sua região do que eleger aquele que te deu um saco de cimento. A não ser que você ache que um saco de cimento basta para desviar o curso de uma enchente.







segunda-feira, 28 de junho de 2010

Ready... Go!


Olá pessoal!! Este é o meu debut post do blog ‘Náufragos no Sertão – A Pair of two Brothers’, blog nascido da insistência de minha irmã (a metade Yin – ou Yang – vocês escolhem) de escrever bobagens em conjunto com o escriba aqui, que atende vulgarmente por Keke. Por ora, maiores apresentações são dispensáveis, e logo mais minha partner comparecerá por aqui para dar (ui!) o ar de sua graça. Esperamos sinceramente que nossas bobagens (que irão versar sobre N coisas) sejam ao menos interessantes para quem nos dedicar um pouco de atenção.

Para dar o pontapé inicial (Copa do Mundo diz olá) ao blog, vou expressar minhas impressões acerca do livro ‘1001 Discos Para Ouvir Antes de Morrer’. Este calhamaço de 960 páginas veio para mim na forma de presente de Dia dos Namorados - talvez por eu sugerir repetidas vezes o que eu queria ganhar – e imediatamente roubou toda a minha concentração, tamanha a empolgação causada por esta bíblia musical. 1001 Discos... é fruto de um projeto extremamente ambicioso do jornalista e escritor Robert Dimery, que convocou uma legião de críticos musicais de vários cantos do globo (entre eles Michael Lydon, co-fundador da revista Rolling Stone), para parir uma seleção definitiva de 1001 álbuns fundamentais ao longo de 50 anos de música, de 1955 a 2005, ano em que foi lançado. De Frank Sinatra a The Klaxons, os personagens que definiram os caminhos da música ouvida pelo mundo, pelo menos na visão anglo-saxã, estão todos representados. Ou não, já que polêmicas inevitáveis cercam listas, seja lá de qual natureza elas sejam. Sempre haverá aquele que sentirá falta do seu amado artista que não foi lembrado, ou criticará a presença de um pereba que não merecia ser citado. Conflitos que considero extremamente naturais, levando-se em conta as particularidades do gosto musical de cada pessoa.

Ao folhear as páginas, surgem rock, jazz, blues, rap, country, MPB (sim, temos alguns representantes,e não só de MPB), entre outros estilos musicais. Essa linguagem musical poliglota é um dos fatores que tornam 1001 Discos... um livro essencial para quem gosta de musica. É maravilhoso adentrar pelas décadas (o livro segue uma ordem cronológica) e se deparar com pérolas como Pet Sounds, do Beach Boys, ou ser surpreendido com obras tão imprevisíveis como Tanto Tempo, de Bebel Gilberto, que se tornou o disco brasileiro mais vendido fora do Brasil. Ou ainda torcer o nariz para Life Thru a Lens, de Robbie Williams, considerado por muitos (incluo-me) como um baladeiro mela-cueca. É impossível não se deixar levar pelo ímpeto de correr atrás de álbuns que nunca escutamos, ou tirar a poeira daquele CD (ou Mp3) que não ouvíamos há anos, só pelo sabor nostálgico de se deparar com uma resenha enaltecedora de qualidades há muito não sentidas por nossos ouvidos. Como deseja Michael Lydon no prefácio: “Espero que, ao folhear estas páginas, se sinta inspirado para procurar e incluir em sua lista de favoritos muitos outros, que sem 1001 Discos Para Ouvir Antes de Morrer, você talvez nunca tivesse a possibilidade de conhecer”

Quem tem medo do TCU?

O presidente do Tribunal de Contas da União (TCU) entregou para o TSE a relação de gestores públicos que tiveram suas contas consideradas irregulares.

Na Bahia, foram citados 700 ocupantes de cargos ou funções públicas e gestores (nós baianos ficamos em segundo lugar no ranking de contas negadas, só perdemos

para o Maranhão, legal né?). Agora, fica a cargo da Justiça Eleitoral dizer se os gestores que tiveram suas contas consideradas irregulares poderão se candidatar  nas próximas eleições. Para tudo cabem recursos, tão lembrados?

Quem quiser conferir a lista e ver se conhece algum dos encrencados com o TSE, clique aqui.

Fonte: Site do TCU