O Sol tenta entrar sorrateiro pela janela do quarto, porém encontra resistência nas cortinas negras que resguardam a vontade de permanecer no escuro. Um novo dia se anuncia, mas o desejo de continuar eternamente na noite anterior, remoendo angústias passadas, é mais forte do que a necessidade fisiológica de visitar o toalete. Nesse ínterim, a bexiga reclama da negligência alimentada pelo descaso. Paciência. Um pouco depois, a sensação se torna insuportável, e uma ida ao banheiro se torna inevitável. Tudo ‘ável’. Assim como a insônia irritável, a fome incansável, o sabor descartável do café requentado no fogão velho, cheirando a borra.
Café este, reciclado por obra de dores cíclicas, simboliza a intimidade tristonha com o vazio dos cômodos, o pó dos livros não mais abertos, meros enfeites para ninguém, exceto o próprio vazio. O sabor da cafeína desgastada é o sabor amargo das angústias, irmãos de parto a fórceps, desfigurados pelas circunstancias.
A noite volta depois do monólogo prolixo da solidão, acobertando as olheiras de um dia insone. Espera-se que ela nunca se vá, morfina negra de uma alma perdida. Mas as estrelas piscam mensagens codificadas de esperança...
Café este, reciclado por obra de dores cíclicas, simboliza a intimidade tristonha com o vazio dos cômodos, o pó dos livros não mais abertos, meros enfeites para ninguém, exceto o próprio vazio. O sabor da cafeína desgastada é o sabor amargo das angústias, irmãos de parto a fórceps, desfigurados pelas circunstancias.
A noite volta depois do monólogo prolixo da solidão, acobertando as olheiras de um dia insone. Espera-se que ela nunca se vá, morfina negra de uma alma perdida. Mas as estrelas piscam mensagens codificadas de esperança...