O sol deita e a água rola
O sapo vomita espuma
Onde um boi pisa se atola
E a fartura esconde o saco
Que a fome pedia esmola”
Olá pessoal!! Este é o meu debut post do blog ‘Náufragos no Sertão – A Pair of two Brothers’, blog nascido da insistência de minha irmã (a metade Yin – ou Yang – vocês escolhem) de escrever bobagens em conjunto com o escriba aqui, que atende vulgarmente por Keke. Por ora, maiores apresentações são dispensáveis, e logo mais minha partner comparecerá por aqui para dar (ui!) o ar de sua graça. Esperamos sinceramente que nossas bobagens (que irão versar sobre N coisas) sejam ao menos interessantes para quem nos dedicar um pouco de atenção.
Para dar o pontapé inicial (Copa do Mundo diz olá) ao blog, vou expressar minhas impressões acerca do livro ‘1001 Discos Para Ouvir Antes de Morrer’. Este calhamaço de 960 páginas veio para mim na forma de presente de Dia dos Namorados - talvez por eu sugerir repetidas vezes o que eu queria ganhar – e imediatamente roubou toda a minha concentração, tamanha a empolgação causada por esta bíblia musical. 1001 Discos... é fruto de um projeto extremamente ambicioso do jornalista e escritor Robert Dimery, que convocou uma legião de críticos musicais de vários cantos do globo (entre eles Michael Lydon, co-fundador da revista Rolling Stone), para parir uma seleção definitiva de 1001 álbuns fundamentais ao longo de 50 anos de música, de 1955 a 2005, ano em que foi lançado. De Frank Sinatra a The Klaxons, os personagens que definiram os caminhos da música ouvida pelo mundo, pelo menos na visão anglo-saxã, estão todos representados. Ou não, já que polêmicas inevitáveis cercam listas, seja lá de qual natureza elas sejam. Sempre haverá aquele que sentirá falta do seu amado artista que não foi lembrado, ou criticará a presença de um pereba que não merecia ser citado. Conflitos que considero extremamente naturais, levando-se em conta as particularidades do gosto musical de cada pessoa.
Ao folhear as páginas, surgem rock, jazz, blues, rap, country, MPB (sim, temos alguns representantes,e não só de MPB), entre outros estilos musicais. Essa linguagem musical poliglota é um dos fatores que tornam 1001 Discos... um livro essencial para quem gosta de musica. É maravilhoso adentrar pelas décadas (o livro segue uma ordem cronológica) e se deparar com pérolas como Pet Sounds, do Beach Boys, ou ser surpreendido com obras tão imprevisíveis como Tanto Tempo, de Bebel Gilberto, que se tornou o disco brasileiro mais vendido fora do Brasil. Ou ainda torcer o nariz para Life Thru a Lens, de Robbie Williams, considerado por muitos (incluo-me) como um baladeiro mela-cueca. É impossível não se deixar levar pelo ímpeto de correr atrás de álbuns que nunca escutamos, ou tirar a poeira daquele CD (ou Mp3) que não ouvíamos há anos, só pelo sabor nostálgico de se deparar com uma resenha enaltecedora de qualidades há muito não sentidas por nossos ouvidos. Como deseja Michael Lydon no prefácio: “Espero que, ao folhear estas páginas, se sinta inspirado para procurar e incluir em sua lista de favoritos muitos outros, que sem 1001 Discos Para Ouvir Antes de Morrer, você talvez nunca tivesse a possibilidade de conhecer”