Ler o artigo do Gogó sobre os desastres em Pernambuco e Alagoas me fez lembrar da minha infância. Lembro de ter sido espectadora assídua do programa do Jacques Cousteau e de outros programas da TV Pública (Cultura, TV Escola, etc) que falavam sobre os perigos das mudanças climáticas desde aquela época, entre fins dos anos 80 e início dos 90. Aquecimento Global, elevação do nível do mar, desertificação, esses termos nunca me foram estranhos, e não deviam ser estranhos para ninguém.
De lá para cá o mundo mudou bastante, a tecnologia evoluiu, os transportes se modernizaram, comportamentos foram reformados, mas a postura das pessoas quanto as ameaças ecológicas permanece basicamente igual: indiferença.
Talvez falte aos nossos governantes, empresários e à população em geral acontecer o mesmo que acontecia comigo quando em menina eu assistia aos prospectos sobre a situação do mundo em que eu viveria dali a 10 ou 20 anos: eu sentia medo. E ainda temo pelas condições de vida que terei aos 60 anos, e sobre as condições de vida da minha filha, dos meus netos, meus bisnetos.
Conseguiremos reverter o futuro desconfortável que a natureza reserva para nós daqui a uma ou duas décadas mais? Teremos água para beber? Nossas casas estarão no mesmo lugar? Viveremos amontoados sobre o lixo que estamos produzindo agora? Estaremos vivos?
A cobrança da falta de planejamento das últimas gerações já recai sobre nós hoje, em forma de enchentes, estiagens prolongadas, deslizamentos e coisas mais graves. Não estamos passando fome, mas uma grande parcela da população mundial está. A corrida entre a implementação das tecnologias agrícolas e o aumento da população é covarde. Sem uma tomada de consciência global, a carestia de alimentos e a fome serão comuns como a poluição visual e sonora que nos assalta a cada esquina.
As especulações apocalípticas dos ambientalistas parecem-se cada vez menos com especulações. A mais temerável das especulações sobre o homem moderno está se concretizando, ele não acredita em especulações, espera o ver para crer.
As visões nos saltam aos olhos, são críveis e palpáveis. Falta reagirmos.
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