segunda-feira, 26 de julho de 2010

Você já bateu o carro no poste?



A estrada vai passando tranquilamente, o tempo está bom, as nuvens te sinalizam o caminho com suaves manchas brancas no céu azul, até os cardeais fazem questão de te acompanhar em um vôo raso na ala do carango. Ele responde bem ao acelerador, dá gosto de fazer curvas com o possante. Porém, conforme se passam os quilômetros, a sintonia fina da máquina começa a se desvanecer, os pneus passam a cantar desafinadamente nas curvas mais fechadas, o motor insiste em falhar nas reduções de marcha, os freios perdem a pegada nas freadas mais fortes...

... Chamas. Fumaça afogando suas córneas, enquanto a trava da porta parece um tanto distante com o cinto te segurando. Alguns segundos de luta muda, pois diante do desespero gritar parece algo um tanto complexo para fazer. Mais alguns momentos de suspense e está livre das ferragens ardentes, com algumas queimaduras, muita tosse por causa da fumaça inalada, mas de alguma forma, vivo. Mas estará inteiro? Não restarão seqüelas?

...A imagem do carro em chamas é a imagem da alma rubra do intrépido piloto que pensou que poderia seguir impune na auto-estrada da vida. De repente um acidente, uma curva mal calculada, um poste. Instantaneamente, a crônica de um caos anunciado, que não reconhecemos por causa da névoa leitosa que insiste em nos negar a clarividência de perceber o que virá na próxima curva, no próximo cruzamento, no próximo encontro. Sem chance para novas considerações, uma decisão urgente exige ação, para salvar sua pele, salvar seu coração, salvar sua alma. Se o poste não pôde ser evitado, o que fazer para sobreviver a ele?

Amigos, eu bati o carro no poste. E vocês, em algum momento bateram os seus também?

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