quinta-feira, 22 de julho de 2010

Fragmentos de delírios esparsos - 2

... Sentado à mesa de um boteco nauseabundo as três da madrugada, o senhor de chapéu roto trava um diálogo febril com sua dose de whisky vagabundo, que era a única coisa que o seu dinheiro poderia comprar. Sem casa, sem rumo, escuta Joni Mitchell debochar na jukebox: “Everybody's saying that hell's the hippest way to go (Todo mundo está dizendo: 'Ir pro inferno é o que há')”. Talvez por estar bêbado demais, ou por não ter nada a perder mesmo, despede-se do último gole sem mais delongas, caminha até se distanciar das luzes do posto de gasolina, até o ponto mais escuro da estradinha tortuosa. Nos seus delírios, chega em casa, abre a porta, caminha para a cama e se aconchega vagarosamente. Ainda tem tempo para balbuciar, do alto do seu torpor: “Nem um caminhão me acorda”.

Nenhum comentário:

Postar um comentário