domingo, 18 de julho de 2010

Festival de Inverno Bahia: Mudança é a palavra de ordem


Bem amigos (parafraseando o mala-mor Galvão Bueno), depois de vários dias de ausência devido a uma viagem de treinamento da qual participei, cá estou novamente para falar de... Música. Mais especificamente, um evento musical pelo qual espero todo ano, na esperança de ver algo diferente do status quo massacrante que vigora aqui na Suíça Bahiana (quem inventou esse título padece de falta de bom senso, convenhamos).
Pois bem, ladies and gentlemans, dias 20, 21 e 22 de agosto o FIB (Festival de Inverno Bahia) aporta em sua 6º edição. Hora de nos rejubilarmos, regozijarmos, comemorarmos, e mais um monte de armos, but... wait!! Alguma coisa não está cheirando bem!! Hora de conferir a grade de atrações. Errr, vejamos... Jammil, Claudia Leite? What the Hell [:O]!! Todos nós não aprendemos o be-a-bá onde diz que o FIB é (era?) um festival focado em pop rock, MPB, reggae e outros gêneros musicais diversos aos que vigoram por aqui? Pois bem, bela história da carochinha essa. Agora a nata do axé e seus asseclas se armaram até os dentes e iniciaram uma invasão viking para pilhar e destruir a essência do único evento musical de grande porte da região a oferecer algo diferente do mais do mesmo entediante que está aí.
E o que dizer dos repetecos? Charlie Brown Jr de novo? Capital Inicial? Lenine? Só faltou Biquíni Cavadão e Nando Reis para formar a confraria do bis (ou tris). Independente da qualidade dos artistas, um festival que ainda não chegou à adolescência se repetir tanto não é bom sinal. Na verdade é um termômetro do estado decrépito pelo qual o cenário de rock-mpb mainstream passa. Se por um lado o cenário alternativo-independente fervilha de boas novas (Móveis Coloniais de Acajú, Cidadão Instigado, Ana Cañas e mais uma porrada de gente...), os grandes nomes vão cada vez mais se esvaindo. Uma banda como o Titãs, que está respirando por aparelhos desde o século passado, ser tratado como novidade, é sofrível de ver. Para as grandes mídias (principalmente rádio e TV), os anos 80 não acabaram, e os anos 90 se anunciam como algo a ser amplamente re-explorado. E os organizadores de festivais (a maioria) pensam da mesma maneira. Nada contra trazer novamente um artista que fez sucesso em um evento passado, mas é preciso também dar espaço para o que acontece de novo, dar um sopro de juventude, tem muito artista de enorme potencial por aí só esperando oportunidades para aparecer.
Lucros Keke, o mundo é movido a lucros... ouvi muito isso, e concordo, não adianta pegar a carona fácil da utopia ululante onde as coisas podem ser do jeito que nós desejamos, e que os céus irão conspirar para que tudo saia perfeito. Há quem diga que o FIB deu prejuízo ano passado, o que não deixa de ser uma - meia - verdade, em parte por causa do fantasma da H1N1 (a outra parcela foi pela grade mesmo, sem sal), que foi um balão de ensaio, isso sim. A voz corrente é que o Festival apenas com artistas de pop rock, MPB e reggae não segura a onda do dindim, mas afirmar isso é ignorar o êxito das edições de 2005 até 2008. Essa discussão vai longe, mas o fato é que agora a Rede Bahia e a IContent (organizadoras do FIB) farão de tudo para criar uma sucursal do Festival de Verão em pleno Inverno. Idiossincrático até a medula. Mas o importante é o money, of course my friend!
Apesar dos pesares, vou lá ver Lenine (perdi da outra vez) e Jorge Ben (palmas para quem o contratou). Talvez Capital Inicial e Titãs. Diogo Nogueira eu vou ‘curiar’. Esse ano a palavra de ordem é mudança, não tão rápida para atenuar o trauma... Em 2011 veremos o próximo capítulo. Para os otimistas, a tenda alternativa pode reservar boas surpresas. Espero voltar aqui para elogiar as escolhas da organização para ela. Ao menos.

3 comentários:

  1. Então... eu que sou do clubinho que perdeu os melhores shows do FIB e outros, e pelo jeito se extinguiram. Quero ver Lenine, mas não sei se vou esse ano, Afinal, pagando por Lenine, paga-se por Claudia Leita que sequer via no micareta que era ''de graça'' por motivos obvéis. É.. a tal fama que a Suíça baiana sediava um do melhores festivais de música ''não-baiana'' e por isso sería um bom lugar para (cof cof) turismo foi pro beleleu. E as pessoas sãs que iam a esse evento ficam a ver navios. Imagine o próximo ano.
    Curti o post! Beijos

    ResponderExcluir
  2. A Cada post, seu texto fica melhor....
    Well, sobre repetir bandas (de qualidades = Capital inicial, Biquini Cavadão, etc) ta valendo, agora, misturar samba, axé, e todas esses ritmos destoantes do significado do festival não tem nada haver, ta virando festa de que isso? temos que definir as coisas, esse negocio de misturar tudo não da pra mim e nem pra muita gente. Não gosto de Carnaval e nem vou, não tem porque eu querer banda de Rock no trio eletrico...nada haver.
    Mas sobre repetir bandas boas, Keke terá uma boa oportunidade de pagar uma divida comigo, e verei Lenine, porque da última vez cheguei na hora que ele tava dando xau, pois eu estava na tenda auternativa com Blues.
    Parabéns pelo Blog amor
    Beijos
    Sarah dos Anjos

    ResponderExcluir
  3. Costumo dizer que, quem manda é o patrocinador. O FIB se tornou a galinha dos ovos de ouro na região sudoeste e, perdendo o carater de um evento cultural, este se torna um gerador de lucros para quem o produz, e para quem o patrocina. Na mesma decadência cultural que o Festival de Verão se submeteu, este está puxando pelos pés o Festival de Inverno. Lucros, lucros e mais lucros.

    "Tô me guardando pra quando o carnaval chegar."

    ResponderExcluir